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26 de mai. de 2015

O Mundo Selvagem - As Aventuras Secretas de Jack London - Livro 01 - RESENHA




Christopher Golden & Tim Lebbon

Sinopse

Mundo Selvagem - Quando decidiu lançar-se nos montes de Yukon, no norte do Canadá, em busca do ouro que mudaria a sua sorte, o jovem Jack London não podia imaginar que estava prestes a passar pelos dias mais terríveis de sua vida. Sua sobrevivência depende de sua capacidade de dominar tanto os demônios internos quanto aqueles que o rodeiam. Aterrorizantes, misteriosas, bizarras e mágicas, assim é O mundo selvagem. O rapaz de dezessete anos que enfrenta bestas sobrenaturais ficaria mais tarde conhecido mundialmente como um dos melhores escritores norte-americanos. Com uma personalidade ilustre como protagonista e um cenário real, os aclamados autores Christopher Golden e Tim Lebbon, em parceria com o ilustrador Greg Ruth, criaram uma história incrível que mistura ação, terror e mistério. O resultado não poderia ser melhor.




Considerações

Este é mais um dos livros que peguei emprestado na biblioteca da cidade sem ter noção de nada sobre ele. Gostei da capa, do nome e da sinopse, então peguei.

Neste livro, acompanhamos as aventuras do jovem Jack London – um personagem baseado no real Jack London, escritor influente que teve uma vida cheia de aventuras, e que aqui se transforma num herói de uma saga cheia de magia, mistério e aventura. Jack parte com seu cunhado para o norte do Canadá em busca de ouro, como muitos outros homens que os acompanham. Logo no início começam as complicações, quando o barco que os leva até a cidade onde a jornada realmente se inicia para no mar, obrigando quem quiser chegar à cidade a passar seus pertences desajeitadamente em barcos até chegarem à cidade.

Ao chegar em Yukon, o cunhado de Jack, já bem mais velho e sofrendo com uma saúde frágil, desiste da viagem, ao perceber que em seu estado a viagem seria praticamente suicida. Jack então é deixado sozinho e, a despeito da pouca idade (acaba de completar 18 anos), tem coragem o bastante para seguir em frente sem se preocupar. Na verdade, a falta de medo (e talvez de prudência) acabam incomodando, fazendo o personagem parecer mais desajuizado do que corajoso.

Seguimos o caminho perigoso com Jack e o vemos fazer amigos com os quais desce terríveis corredeiras e com quem fica preso numa cabana precária em terras geladas, onde quase morre. Neste momento Jack é salvo por um misterioso lobo, que vai acompanhá-lo pelo resto da aventura.

Quando a primavera finalmente chega e o rio descongela, Jack e seus dois amigos podem seguir para a cidade base para os mineradores, onde o imprudente rapaz se envolve numa briga e acaba sendo sequestrado e escravizado após um de seus amigos ser morto. Obrigado a trabalhar para os bandidos em busca de ouro, Jack é salvo pelo lobo novamente, que não apenas o tira das garras dos vilões, como o protege do ataque de uma criatura legendária e canibal: o Wendigo. Fugindo do monstro, Jack acaba resgatado por uma misteriosa menina que aos poucos o seduz, mas que, como em várias outras histórias de sereias e deusas, não quer que ele se vá. Jack então foge, e junto com o lobo atravessa as matas geladas do Canadá correndo da bruxa e de seu pai, Leishii, uma divindade russa das florestas. 

É então que Jack tem seu derradeiro encontro com o Wendigo, e a luta que é travada revela que Jack não dominou o mundo selvagem, como pensou que faria o tempo todo, mas se tornou parte dele, tão feroz quanto qualquer criatura das florestas.

Junto com Jack London mergulhei de cabeça em busca de aventuras nas primeiras páginas, mas confesso que, para um livro tão pequeno, com quase 250 páginas, e ainda por cima ilustrado, eu não esperava experimentar cansaço, mas algumas vezes isso acontece. Isso porque algumas frases que os autores usam são tão repetitivas que aparecem em quase todas as páginas. A expressão “mundo selvagem”, por exemplo, aparece praticamente em todos os parágrafos, e isso cansa bastante. No entanto a leitura é agradável, e principalmente depois que Jack encontra Wendigo pela primeira vez, emocionante. 

Um livro rápido para quem quer uma aventura diferente, que mergulha nas paisagens geladas e trata da magia como parte da natureza. Só queria saber, porém, como classificar uma história com cenas de violência tão intensas como “infanto-juvenil”, pois este livro estava nas prateleiras infantis ao lado de livrinhos cheios de imagens. É por isso que sempre olho naquela parte da biblioteca, porque a classificação dos livros é muito subjetiva…

20 de mai. de 2015

LEGADO VERMELHO - RESENHA



Legado Vermelho – Manuel Alves

Sinopse

Lantis é um jovem brilhante, e uma das pessoas mais inteligentes do mundo. Atly é o seu irmão mais novo, sempre metido no seu mundo de fantasia, constantemente a inventar histórias povoadas de criaturas lendárias. Quando o pai, um conceituado cientista, os leva à Reserva dos Dragões, para estudar fendas sísmicas, Atly descobre algo que ameaçará a existência do próprio planeta.



Considerações

Em poucas páginas, o autor consegue criar uma narrativa interessante em torno de dois irmãos, o superdotado Lantis, que acompanha o pai cientista em seus estudos e experimentos, e o jovem Atly, que não tem a mesma genialidade que Lantis, mas é curioso e tem crenças que contradizem a ciência tradicional. É fácil sentir simpatia pelos garotos, e quando Atly descobre que a lendária espécie dos dragões existe de verdade, e as feras despertam e ameaçam o planeta, os estudos de Lantis e seu pai se mostram a única opção para salvar a existência da raça humana. 

O final deste conto é surpreendente, e deixa o leitor com um gostinho de “quero mais”. Um conto belo com um final surpreendente, que certamente agradará a todos os leitores!

11 de mai. de 2015

FUI UMA BOA MENINA? - RESENHA

Fui uma boa menina? – Carolina Munhóz
Sinopse
Nestas páginas de diário, uma adolescente fora do comum escreve sobre seus dramas e conflitos familiares ao mesmo tempo corriqueiros e excepcionais, em uma narrativa envolvente, cheia de suspense e, claro, com o toque de fantasia característico de Carolina Munhóz, que vem conquistando jovens leitores por todo o Brasil.
Fui uma boa menina?, conto de estreia da autora na editora Rocco, é um presente de Natal para todos os fãs.




Considerações
Neste pequeno conto, Carolina Munhóz consegue envolver o leitor desde as primeiras linhas. Entramos no diário de uma adolescente, nas páginas de uma data especial, quando ela fala de um trauma passado justamente daquela data, um ano antes. Descobrimos que ela guarda rancor do pai, e que o culpa por algo terrível que aconteceu com sua mãe. Mas, quando as páginas do diário terminam somos levados ao presente da jovem, e descobrimos a fantástica verdade sobre o pai dela, e como aquela data pode ter para ela um significado muito especial.

Uma linda história de Natal, digna de ser lida em voz alta em família. E está disponível para download gratuito na Amazon já faz um tempinho, então vale a pena correr para adquirir o seu!

4 de mai. de 2015

TÚNEIS - RESENHA

Túneis - Will é um garoto de 14 anos cuja única afinidade com seu excêntrico pai é a paixão pela arqueologia. Ele passa a maior parte do seu tempo livre cavando buracos nos arredores do terreno de sua casa para realizar descobertas científicas, fugir da pressão da escola e da mesmice da família. Um dia, seu pai desaparece misteriosamente por um túnel que Will não conhecia, e o garoto começa a cavar, literalmente, a verdade por trás do sumiço do pai.



Considerações

Encontrei este livro na biblioteca da minha cidade, da qual sou frequentadora regular, e decidi levá-lo por alguns motivos: primeiro, por que a capa é linda; segundo por que confundi com o livro “Buracos”, história que eu conhecia pela adaptação para o cinema. Confesso que me decepcionei quando percebi meu equívoco, mas depois de ler as primeiras páginas essa decepção foi toda embora.

Túneis prende o leitor desde a primeira página, onde acompanhamos Will e seu pai numa descoberta arqueológica no meio de uma escavação amadora, e fiquei grata por nunca ter ouvido falar desta história antes, pois eu gosto de ter boas surpresas ao pegar um livro desconhecido, não saber mais que a sinopse (neste caso, nem a sinopse eu tinha lido), e me deslumbrar com uma história curiosa e fascinante que vai se revelando pouco a pouco, como é o que acontece neste livro.

Se a princípio imaginei que soubesse os caminhos que o livro iriam tomar, já que a trama gira em torno do peculiar interesse de pai e filho pelas escavações arqueológicas, a trama vai ficando cada vez mais intrigante à medida em que vai revelando aspectos da relação familiar entre Will, um adolescente albino, seu pai, sua mãe e sua irmã mais nova que, aparentemente, é o centro organizacional da casa toda. O clima da família chega a ser tão pesado quanto o que encontramos dentro dos túneis, já que simplesmente os quatro não têm nada em comum um com o outro. A mãe aparenta sofrer de alguma depressão severa que a mantém presa à poltrona da sala com um controle de televisão na mão constantemente, a irmã Rebeca sofre de TOC de forma aguda, o que acaba sendo bom, já que é ela que controla as finanças da casa, as compras da cozinha, a organização da roupa suja, tudo. O pai é excêntrico, tem um emprego normal como curador no museu local, mas gasta seu tempo livre em escavações secretas ou com o filho, temeroso de que outras pessoas roubem suas descobertas, e o filho, vítima de bullying a vida toda por ser albino, tem apenas um amigo, Chester, de quem se aproximou por que ele sofre de uma doença de pele e também é ridicularizado na escola.
Embora tenhamos um panorama da estranha vida de Will e de como ele convence o amigo a participar das escavações com ele (onde acham uma estranhíssima sala vedada, a qual até agora estou curiosa para entender direito), a história começa de verdade quando o pai de Will desaparece misteriosamente sem deixar pistas. A atmosfera que ronda o desaparecimento é tão inquietante quanto o restante do livro, já que a mãe de Will e Rebeca, assim como a polícia, parecem acreditar que o pai os abandonou, e, por sugestão de um psiquiatra (aparentemente) decide deixar os dois filhos sozinhos e se internar numa clínica.
Destinado a viver com uma tia distante, Will convence Chester a ajudá-lo a procurar pelo pai. As pistas que encontram em seu caderno de anotações os levam a uma escavação secreta, da qual nem Will sabia, e que parece ser um segredo que estranhos homens de sobretudo e chapéus estão dispostos a guardar, perseguindo os garotos pelas ruas da cidade sem nenhuma explicação. Finalmente Will descobre a entrada da escavação do pai, e, junto com Chester, os dois embarcam numa aventura muito maior do que esperariam encontrar.

Pois a escavação, na verdade, encontrou a entrada para uma civilização inteira subterrânea, localizada nas profundezas de Londres. Chester e Will são capturados por soldados e testados por uma estranha técnica de inquérito que lhes rouba todas as memórias. Ao final de um processo torturante e doloroso, Will é tirado do cárcere e separado de Chester, e descobre o motivo: na verdade, Will é filho de um cidadão da colônia, que tinha sido levado para a superfície pela mãe quando ela fugiu. E mais: ele ainda tem um irmão mais novo, Cal, e os homens da superfície que são levados para lá são transformados em escravos.

Will se mostra um bocado contraditório, uma vez que desce à Colônia à procura do pai, mas acaba descobrindo que precisa salvar o amigo de um destino terrível e, ao mesmo tempo não sabe se quer voltar à superfície ou se gostaria de viver mais um tempo com sua nova família. As dúvidas são resolvidas quando Will descobre que o destino de Chester é algo terrível, e ele decide armar um plano para fugir levando o amigo junto. É ajudado por seu tio subterrâneo, o único que parece entender o desejo de Will de sair dali, e acaba levando junto o irmão mais novo e um estranho gato gigante muito fiel.

A fuga é mal engendrada e Chester acaba recapturado pelos Styx, os mesmos encapuzados que os perseguiam na superfície, e que são um tipo de supersoldados. É neste momento também que Will descobre que Rebeca, sua irmã mais nova, na verdade não era o que parecia, e que o vigiou a vida toda, o que o faz questionar novamente sobre quem é sua família de verdade. A intenção dela e do resto dos Styx era descobrir onde se escondia a mãe de Will, mas isso não é revelado em nenhuma parte do livro. Will e Cal fogem e conseguem atravessar a Cidade Eterna, uma magnífica cidade de esmeraldas, porém contaminada com uma estranha doença. Will perde sua máscara e, quando chega à superfície, leva Cal à casa da tia, onde os dois se recuperam.

Mas a vida na superfície não é para Cal e seu gato, e Will precisa resgatar Chester e trazer seu pai de volta. Os irmãos descem novamente à Colônia e, mais uma vez ajudado por seu tio, passam pelos Styx e acabam se juntando finalmente a Chester num carro que ruma para as Profundezas, lugar que os colonos temem e que, possivelmente, guarda segredos ainda mais tenebrosos.

Conclusões...

O principal mérito do livro, a meu ver, foi transmitir uma sensação de claustrofobia tão intensa como a que o leitor comum teria ao adentrar cavernas e mais cavernas longe da luz do sol. Não apenas nas escavações, mas entre os personagens envolvidos há muita tensão. Entretanto, em alguns momentos as reações não são muito convincentes, como a mãe que permite que a filha de doze anos seja responsável pelas compras, roupas e contas da casa, embora o clima surreal talvez tenha sido exatamente o que os autores quiseram passar. É uma fantasia interessantíssima e diferente, que me lembrou de um livro de teoria de conspiração que prega que existe um reino subterrâneo sob nossos pés, “A Terra Oca”. Só achei que a quantidade de pontas soltas que o livro deixa é grande demais, e ao ver depois que “Túneis” é só o primeiro de seis livros, confesso que fiquei um tantinho desanimada (principalmente por não ter as continuações na biblioteca). Agora estou de olho nas continuações.


Pra quem gosta de fantasia e procura algo diferente do tradicional “herói – vilão – magia – dragão”, esta é uma ótima pedida, e que ainda por cima acrescenta alguns conhecimentos geológicos ao leitor!