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10 de nov. de 2014

DISCIPLINA E ORGANIZAÇÃO



Todas as pessoas têm uma série de qualidades que as abonam para alguma coisa, mas posso dizer que disciplina e organização não costumavam ser as minhas. Eu não me lembro de jamais ter deixado de entregar um trabalho ou uma lição da escola, mas normalmente terminava os exercícios na classe, minutos antes do professor recolher os trabalhos. Em casa, deixava minha mãe louca com o “já vou”. “Já vou recolher a roupa espalhada”, “já vou lavar a louça”, “já vou guardar as minhas tralhas”. A maior parte do tempo eu estava sempre no mundo da lua (ou deveria dizer no Mundo de Bhardo?). Mas, alguns anos atrás e já adulta, alguns fatos na vida me fizeram repensar e colocar a cabeça no lugar. 

Aconteceu o seguinte: depois de alguns anos trabalhando numa empresa privada, pedi demissão para trabalhar por conta. Não deu certo, entrei em outra empresa privada mas, antes de completar um ano, me vi sem emprego. 

Na época eu tinha vinte e três anos, um diploma na gaveta e nenhuma perspectiva. Preciso esclarecer: a cidade em que moro tem três universidades e uma população média, há um grande número de estagiários e pouquíssimas chances de crescimento profissional, isso em diversas áreas. E eu estava noiva, não desejava me mudar, nem teria condições de me manter em outra cidade por muito tempo à procura de emprego.

Ansiosa, recebendo as parcelas do seguro desemprego e enviando currículos para a cidade inteira, a última coisa que me passava pela cabeça era escrever. Então tomei uma decisão acertada, que não só acabou por resolver meu problema com o trabalho, como também transformou meu modo de planejar diversas coisas, inclusive a escrita: resolvi estudar para concursos.

À princípio a ideia era só passar em uma prova, o que significa acertar pelo menos a metade, um jeito de provar a mim mesma que eu podia ser boa em alguma coisa e, assim, elevar minha auto estima. Fiz do estudo meu trabalho, e peguei uma porção de dicas de como criar uma rotina eficiente. Separei as matérias para os concursos, dividi o número de páginas que precisava ler pelos dias que tinha até a prova, obriguei-me a estudar oito horas por dia, em turnos de cinquenta minutos com paradas de dez. Naquele primeiro concurso fiquei em 7° lugar de 186 pessoas, mas a chamada parou no 4° colocado, e expirou sem que nem ele tivesse assumido a vaga.

A boa colocação me deu ânimo para continuar prestando concursos e ingressei no serviço público em 2009, setor em que trabalho até hoje no terceiro cargo para o qual fui chamada. Criar um plano de trabalho se tornou algo tão prático e eficiente que hoje eu consigo aplicar aos meus textos — e é com esse planejamento que comecei a minha conspiração para dominar o mundo (dos leitores, claro).

Aos poucos vou colocar os cronogramas que eu utilizo, os rascunhos, as tabelas e, se algo servir para você, aproveite. Se não servir, bom, serve como prova do grau de obsessão a que uma escritora pode chegar para levar sua história ao fim — e, de preferência, ao leitor.

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