Para o escritor independente o maior desafio é a
autopromoção. Talvez isto não seja um desafio tão grande para alguém que tenha
o marketing por profissão, mas essa normalmente não é a realidade da maioria
dos escritores. Então o aventureiro que se arrisca nessas águas incertas
precisa ter em mente que terá duas opções, as mesmas que as espécies tiveram ao
longo de sua evolução: ou se adapta ou desaparece.
No princípio a repercussão do trabalho é sempre motivadora,
especialmente se sua família for grande: no mínimo um punhado de tios e primos,
além dos pais e irmãos, farão certa propaganda de você, orgulhosos por terem um
parente escritor. É óbvio que o independente precisa aproveitar este momento ao
máximo, mas ele precisa saber: isso vai acabar. Parentes e amigos não vivem no
mesmo mundo que você (o dos seus livros), e logo seu interesse se dispersa. Você
faz um grande coquetel de lançamento, vende 50 livros, o círculo de pessoas que
participou da festa posta montes de fotos do lançamento nas próprias redes
sociais, falam disso por três dias, depois silêncio. Seu livro fica esquecido
até que algum leitor resolva fazer uma resenha ou comentar alguma coisa.
Antigamente, era das editoras o papel de manter o interesse
do público sobre seus livros, e fazer o máximo para atrair novos leitores. O
escritor ficava com um papel coadjuvante, pouco contribuindo para atrair o
interesse sobre o que ele escrevia. Esta realidade está mudando por causa das
redes sociais, e hoje mesmo escritores famosos ajudam as editoras a promoverem
seu trabalho.
Para o escritor independente esta tarefa precisa ser levada muito
mais a sério, já que não haverá ninguém mais para cuidar disso pra você. Se numa
editora, o ganha-pão dos representantes é o livro, para o independente o texto
é uma realização pessoal, uma obra de arte, uma peça única e inigualável,
destinada a ser o próximo best-seller. Embora seja inevitável sonhar desta
forma, não colocar os pés no chão pode ser tão prejudicial quanto achar que ela
não é boa o bastante.
O desafio do autor indie é conciliar na mente o conceito de
que seu livro é tanto uma realização do espírito quanto um produto qualquer,
pois ele tem que ser tanto o escritor quanto o editor e, neste último quesito,
precisa encarar seu livro como um produto a ser consumido.
Não estou dizendo que o escritor precisa pensar nas vendas à
medida que escreve. Muitos fazem isso hoje, e adéquam seu texto ao mercado, o
que gera histórias pouco originais e insossas, que apenas seguem modismos.
Acredito que este pensamento esteja errado, pois há necessidade de novidades,
porém, para dar certo, elas precisam ser bem trabalhadas. Sejamos razoáveis: se
não há vendas, não há leitores e, sem leitores, os textos ficam esquecidos, e
nenhum escritor deseja isso para sua obra.
Então, o que o autor pode fazer para driblar a falta de um
marketeiro e de milhões de reais em investimentos? A resposta é simples: ser
criativo!
Pela natureza da própria ocupação, todo escritor é um ser
criativo. Ele precisa ser para poder dar vida às suas histórias. Então, se num
primeiro momento o autor deve usar toda sua energia em seu universo de letras,
quando o manuscrito está terminado ele precisa de igual ou mais empenho
inventivo para desenvolver um plano eficiente para instigar a curiosidade e não
deixar que seu projeto caia no limbo. Por mais que você acredite na qualidade
da sua história, apenas escrevê-la não fará com que leitores se interessem por
ela, e não há maior motivo de desânimo do que pensar que ninguém se interessa
pelo que você escreve.
Portanto, escritor, use sua imaginação, lance mão de todas
as armas que tiver, e desenvolva um trabalho de divulgação que não permita que
seu livro se transforme em mais uma obra fantasma! E mãos à obra!
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