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4 de fev. de 2015

Dilemas do Escritor-Editor



Para o escritor independente o maior desafio é a autopromoção. Talvez isto não seja um desafio tão grande para alguém que tenha o marketing por profissão, mas essa normalmente não é a realidade da maioria dos escritores. Então o aventureiro que se arrisca nessas águas incertas precisa ter em mente que terá duas opções, as mesmas que as espécies tiveram ao longo de sua evolução: ou se adapta ou desaparece.



No princípio a repercussão do trabalho é sempre motivadora, especialmente se sua família for grande: no mínimo um punhado de tios e primos, além dos pais e irmãos, farão certa propaganda de você, orgulhosos por terem um parente escritor. É óbvio que o independente precisa aproveitar este momento ao máximo, mas ele precisa saber: isso vai acabar. Parentes e amigos não vivem no mesmo mundo que você (o dos seus livros), e logo seu interesse se dispersa. Você faz um grande coquetel de lançamento, vende 50 livros, o círculo de pessoas que participou da festa posta montes de fotos do lançamento nas próprias redes sociais, falam disso por três dias, depois silêncio. Seu livro fica esquecido até que algum leitor resolva fazer uma resenha ou comentar alguma coisa.

Antigamente, era das editoras o papel de manter o interesse do público sobre seus livros, e fazer o máximo para atrair novos leitores. O escritor ficava com um papel coadjuvante, pouco contribuindo para atrair o interesse sobre o que ele escrevia. Esta realidade está mudando por causa das redes sociais, e hoje mesmo escritores famosos ajudam as editoras a promoverem seu trabalho.

Para o escritor independente esta tarefa precisa ser levada muito mais a sério, já que não haverá ninguém mais para cuidar disso pra você. Se numa editora, o ganha-pão dos representantes é o livro, para o independente o texto é uma realização pessoal, uma obra de arte, uma peça única e inigualável, destinada a ser o próximo best-seller. Embora seja inevitável sonhar desta forma, não colocar os pés no chão pode ser tão prejudicial quanto achar que ela não é boa o bastante.

O desafio do autor indie é conciliar na mente o conceito de que seu livro é tanto uma realização do espírito quanto um produto qualquer, pois ele tem que ser tanto o escritor quanto o editor e, neste último quesito, precisa encarar seu livro como um produto a ser consumido.

Não estou dizendo que o escritor precisa pensar nas vendas à medida que escreve. Muitos fazem isso hoje, e adéquam seu texto ao mercado, o que gera histórias pouco originais e insossas, que apenas seguem modismos. Acredito que este pensamento esteja errado, pois há necessidade de novidades, porém, para dar certo, elas precisam ser bem trabalhadas. Sejamos razoáveis: se não há vendas, não há leitores e, sem leitores, os textos ficam esquecidos, e nenhum escritor deseja isso para sua obra.



Então, o que o autor pode fazer para driblar a falta de um marketeiro e de milhões de reais em investimentos? A resposta é simples: ser criativo!

Pela natureza da própria ocupação, todo escritor é um ser criativo. Ele precisa ser para poder dar vida às suas histórias. Então, se num primeiro momento o autor deve usar toda sua energia em seu universo de letras, quando o manuscrito está terminado ele precisa de igual ou mais empenho inventivo para desenvolver um plano eficiente para instigar a curiosidade e não deixar que seu projeto caia no limbo. Por mais que você acredite na qualidade da sua história, apenas escrevê-la não fará com que leitores se interessem por ela, e não há maior motivo de desânimo do que pensar que ninguém se interessa pelo que você escreve.

Portanto, escritor, use sua imaginação, lance mão de todas as armas que tiver, e desenvolva um trabalho de divulgação que não permita que seu livro se transforme em mais uma obra fantasma! E mãos à obra!

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