‘Salem (A hora do vampiro) – Stephen
King
Sinopse
Ambientado na cidadezinha de
Jerusalem`s Lot, na Nova Inglaterra, o romance conta a história de três
forasteiros. Ben Mears, um escritor que viveu alguns anos na cidade quando
criança e está disposto a acertar contas com o próprio passado; Mark Petrie, um
menino obcecado por monstros e filmes de terror; e o Senhor Barlow, uma figura
misteriosa que decide abrir uma loja na cidade.
Nasci em
1985, muitos anos depois, portanto, de Stephen King começar a fazer sucesso.
Conheci sua obra primeiramente através dos filmes, e mesmo sabendo que o autor
era considerado um mestre do terror e tendo tanto gosto pela leitura, só mais
tarde seus livros começaram a chegar às minhas mãos. ‘Salem, originalmente
chamado “A Hora do Vampiro”, esteve em minha companhia recentemente, e posso
dizer que se você gosta de sentir calafrios, este é o livro certo.
Tecendo uma trama intrincada entre os
moradores da cidadezinha Jerusalem’s Lot, King nos leva a conhecer o caráter
não apenas dos personagens principais, mas de uma quantidade absurda de
personalidades que vão sendo acrescentadas com naturalidade à história, dando
ao leitor a mesma sensação que tem o protagonista: um forasteiro que, apesar de
ter passado alguns anos da infância na cidade, pouco conhece das pessoas, e vai
assimilando-as aos poucos.
A história se desenvolve em torno de
Bem Mears, um escritor que retorna à cidade em que passou a infância para
conseguir inspiração para escrever um livro — esta é a versão que ele dá para
todos, mas, à medida que avançamos nas páginas, descobrimos que há mais no
passado de Ben que o motivaram a voltar à
cidadezinha. E, enquanto trabalha a visão do protagonista dos acontecimentos
estranhos que rondam a cidade, King nos apresenta Mark Petrie, um garoto
magricela e meio nerd, que acaba sendo o primeiro a entender o que está
acontecendo; o Padre Callahan, cuja fé está enferrujada, e que deseja
ardentemente colocá-la à prova; Susan Norton, a garota que deseja sair do
interior e ir para a cidade, entre vários outros, inclusive o misterioso e
também forasteiro Senhor Barlow, que ninguém nunca vê e que chegou à cidade com
a intenção de abrir uma loja de antiguidades, e que comprou a horripilante
Mansão Marsten no alto de uma colina, cenário de vários acontecimentos trágicos
no passado e onde ninguém quer por os pés.
Pra quem está acostumado com vampiros
que brilham e só bebem sangue sintetizado em laboratório ou de bolsas roubadas
de bancos de sangue um aviso: os vampiros de King têm a essência das histórias
de terror originais. O pavor provocado pela simples presença deles é tão real,
tão visceral, que o leitor que se arriscar a ler ‘Salem sozinho na calada da
noite pode ter problemas com os pequenos ruídos que a madeira produz. King não
apenas descreve com minúcias a sensação de pânico absoluto como o faz mergulhar
nela, transformando o simples ato de olhar pela fresta de uma porta entreaberta
num gigante ato de bravura. Com primazia, as histórias individuais de cada
personagem que, inicialmente, poderiam parecer dispersas, convergem para um
único ponto, um clímax terrível e impressionante, capaz de fazer a geração que
só conhece vampiros “bonzinhos” entender o temor causado pelas lendas medievais
envolvendo essas criaturas. O leitor se sente parte da história, parte do mistério,
e se vê torcendo para que amanheça de uma vez e as sombras voltem para seus
esconderijos.
Sem dúvida, um dos melhores livros
que já tive nas mãos, recomendado não apenas para quem gosta do gênero, mas
para quem gosta de escrever e perceber os recursos narrativos usados pelo autor
para amarrar uma história tão complexa como esta. Não é de se admirar que
tantos filmes e jogos de terror (meu favorito Silent Hill, por exemplo), tenham
tanta inspiração nas obras de King.
Ah, só uma nota: assim que tive o
livro nas mãos não entendi porque a nova versão apresentar o título “ ‘Salem”,
ao invés do original “A hora do Vampiro”. Achei que o novo título ficou vago,
Salem remete à Idade Média e a bruxas, não a uma cidadezinha perdida e quase
contemporânea. Mas estou com “Sombras da Noite” em mãos, e King visita
novamente Jerusalem’s Lot, e descobrimos que há mais nas sombras de ‘Salem do
que apenas as trevas dos vampiros. Enfim, não sei o por que da mudança do
título, mas agora, quando vejo algo com Jerusalém ou Salem no nome, é Stephen
King que me vem à cabeça.
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