A Maldição do Tigre – Colleen Houck
Sinopse
A Maldição do Tigre - Kelsey Hayes
perdeu os pais recentemente e precisa arranjar um emprego para custear a
faculdade. Contratada por um circo, ela é arrebatada pela principal atração: um
lindo tigre branco.
Kelsey sente uma forte conexão com o
misterioso animal de olhos azuis e, tocada por sua solidão, passa a maior parte
do seu tempo livre ao lado dele.
O que a jovem órfã ainda não sabe é
que seu tigre Ren é na verdade Alagan Dhiren Rajaram, um príncipe indiano que
foi amaldiçoado por um mago há mais de 300 anos, e que ela pode ser a única
pessoa capaz de ajudá-lo a quebrar esse feitiço.
Determinada a devolver a Ren sua
humanidade, Kelsey embarca em uma perigosa jornada pela Índia, onde enfrenta
forças sombrias, criaturas imortais e mundos místicos, tentando decifrar uma
antiga profecia. Ao mesmo tempo, se apaixona perdidamente tanto pelo tigre
quanto pelo homem.
Considerações
Eu não julgo um livro pela capa, mas como
a capa é o cartão de visitas de um livro, não dá pra ignorá-la, ainda mais no
caso de A Maldição do Tigre, em que a capa metalizada, com letras em relevo, e
um tigre branco de olhos azuis, é tão fabulosa. Quando vi que a série estava
disponível na biblioteca municipal, peguei o primeiro livro sem hesitação
(porque eu não sou compradora voraz não, só compro os livros que amo muito e
quero reler várias vezes, ou que não encontro na biblioteca). Li a sinopse
falando sobre mitos indianos e fiquei interessada.
Assim que comecei o livro tive um
leve desapontamento, porque a linguagem do texto é bem mais adolescente do que
eu tinha imaginado, porque, pela sinopse e pela capa, imaginei uma história
mais densa. Prossegui imaginando mais ou menos quais seriam os passos da
personagem, porque depois de uma sequência de romances adolescentes com
triângulos amorosos e toques de sobrenatural, você começa a prever o rumo que
esse tipo de história vai tomar, principalmente sabendo que se trata de uma
série.
O começo da trama me cativou, com a
história do primeiro emprego de Kelsey ser num circo e da forma como ela
conhece Ren. O tigre branco, que já pela sinopse sabemos se tratar de um
príncipe enfeitiçado, aparece nitidamente na imaginação do leitor, belo e
gracioso, e a história vai bem até o ponto em que Kelsey é convidada a levar o
tigre até a Índia, porque, em uma semana, desenvolveu um laço inestimável com
ele.
Nesse ponto que comecei a desanimar. Tudo
bem que o laço de Kelsey e seu príncipe é algo sobrenatural, o que me incomodou
nessa parte não foi isso, foi a tranquilidade dos pais adotivos encararem a
viagem da garota com um desconhecido para outro continente, sem nem cogitar os
perigos de algo assim. Enfim, Kelsey é uma “recém”- adulta, e relevei esse
incômodo.
Ao chegar à Índia, Kelsey e o tigre
(que finalmente se revela Ren, o príncipe amaldiçoado), passam por diversas
aventuras na tentativa de encontrar uma pista para quebrar a maldição. As
aventuras são legais e os cenários indianos são muito bem construídos, mas eu
não fiquei, em nenhum momento, com a sensação de perigo que fiquei, por
exemplo, ao ler Mundo Selvagem. São excursões que acabam em eventos do tipo
Indiana Jones (vi outras pessoas fazendo essa comparação, e cabe bem aqui),
porém sem o mesmo charme do professor. E, com um palácio espetacular esperando
por eles no final de cada expedição, sempre sabemos que os dois terão conforto
e ficarão novamente lindos e reluzentes após cada aventura na selva.
O encontro com Kinshan, o irmão
(malvado? Ou só implicante?) de Ren, também amaldiçoado e que vive sob a forma
de um tigre preto, é interessante, apesar de previsível, e sua participação na
história deixa um cheirinho de um possível triângulo amoroso futuro que eu já
sentia desde que este irmão foi mencionado pela primeira vez, sem nem saber se
ele apareceria na trama. Posso me surpreender, mas tenho convicção de que os
próximos livros trarão o tal triângulo.
Por fim, o que mais me incomodou
neste livro é a involução de Kelsey. Se ela começa como uma adolescente forte,
que se tornou autossuficiente após perder os pais e que luta pelos seus sonhos,
à medida em que a leitura avança ela vai retrocedendo, se tornando cada vez
mais insegura, e quando acompanhamos o casal protagonista no meio de uma
aventura sangrenta com árvores espinhosas e potencialmente mortais, os dois
feridos e exaustos, e percebemos que o foco da discussão está na insegurança de
Kelsey em ser ou não correspondida por Ren, que ela acha que é demais para o caminhãozinho
dela, a paciência vai ao limite do suportável. Só terminei o livro porque já
estava mesmo no fim e porque a leitura é bem light, sem firulas, então dá pra
ler bem rápido.
O desfecho deste primeiro livro é irritante
e idiota, e a vontade é de dar um chacoalhão na Kelsey, tão insuportável ela se
torna. E o presente de recompensa que o príncipe dá a ela me fez lembrar de
Crepúsculo, pois, assim como Edward, o cara é vítima de uma maldição, é
imortal, e podre de rico, tanto que a mocinha nunca mais na vida terá
preocupações mundanas como arrumar um emprego para se sustentar, o que dá a
impressão de ser uma manobra da autora para desculpar a falta de todos os
problemas normais com os quais ela não vai lidar nos próximos livros. Nada
contra, mas a riqueza suprema dos envolvidos nesses livros sobrenaturais é uma
saída muito clichê.
Enfim, pela fluidez do texto e por
apresentar um cenário exótico e diferente, é um bom passatempo… mas é bom que o
leitor esteja preparado pra ficar irritado com a mocinha no final. Por ter um argumento tão diferenciado, podia ser melhor.
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