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5 de jul. de 2015

ZONA MORTA - RESENHA

Sinopse

Zona Morta - Jonny Smith é um simplório professor secundário, acorda de um coma de cinco anos aparentemente sem sequelas, a não ser por uma área de seu cérebro danificada, que o impede de reconhecer certos objetos. Os médicos dão a essa área o nome de zona morta.

Mas a zona morta abriga muito mais do que memórias esquecidas. Por conta dela, Johnny desenvolve o poder de prever o futuro. Isso também é sua condenação - nela cresce um tumor que rapidamente suga suas energias.

Após conhecer Greg Stillson, um inescrupuloso candidato a deputado, Johnny tem terríveis visões do político como presidente dos Estados Unidos e o país mergulhando numa guerra nuclear. Perturbado, ele terá que enfrentar o difícil dilema: sofrer em silêncio, sabendo das tragédias que virão, ou matar Stillson, numa desesperada tentativa de impedir a catástrofe prenunciada.



Considerações

Este livro chegou às minhas mãos através de uma troca no site Skoob. Escolhi Zona Morta por causa do autor, pois sendo ele Stephen King já imaginava mais ou menos o que me esperava. Exatamente como disse a menina que me enviou, o livro era bem antigo, com as páginas amarelas, mas não me importei: fora isso, estava perfeito, exatamente como foi publicado 30 anos atrás, com essa capa terrível. Convenhamos, se fosse o livro de um autor iniciante numa livraria qualquer hoje, julgando pela capa eu passaria longe dessa aí. Salve o design! Mas design nenhum muda o conteúdo e, dentre os livros de King que já li, confesse que este foi o que menos me agradou.

No livro acompanhamos a vida de Jonny Smith, um rapaz aparentemente normal, mas que já mostra sinais de que tem uma capacidade peculiar de vislumbrar o futuro, e vemos como, logo após conhecer a garota dos seus sonhos, ele sofre um acidente e entra em coma. Só cinco anos depois Jonny acorda, e a realidade que o aguarda é perturbadora: a mulher que ele amava se casou com outro e tem um filho; a mãe enlouqueceu, tornando-se uma fanática religiosa; o pai se aguenta como pode, e é o único que mantém um pouco da sanidade em meio a toda a confusão; e Jonny torna-se quase um experimento ambulante, já que médicos de todo o mundo querem estudar o fascinante homem que acordou do coma, e descobrir o que aconteceu com seus músculos, com seu sangue, com seu coração, se ele poderá andar de novo, se tem alguma sequela, coisas assim. Além disso tudo, Jonny não tem mais emprego, e a dívida acumulada do hospital é gigantesca.

Mas, antes mesmo de deixar o hospital, Jonny descobre que suas habilidades de enxergar o futuro, ou ler coisas nas mentes das pessoas, está muito mais poderosa. Por causa delas, Jonny ajuda a salvar pessoas e a prender um assassino, é tido como aberração por alguns, como charlatão por outros, e como ídolo de adoração por outros ainda, e acaba se refugiando no interior. Consegue voltar a lecionar como professor particular, e, por ser muito querido por seu primeiro aluno milionário, e por conseguir ensiná-lo e ajudá-lo a vencer seus bloqueios didáticos, e também por evitar que o garoto fosse morto durante uma tragédia prevista por Jonny, que acontece numa festa de que o aluno participaria, cai nas graças do pai do rapaz, que, em gratidão, paga sua dívida no hospital e ainda lhe garante dinheiro para viver tranquilo por um bom tempo.

No entanto uma estranha visão o persegue: uma visão perturbadora de um tigre sobre corpos, que ele tem ao apertar a mão do candidato político Greg Stillson, e ele passa a acompanhar a carreira deste homem e acaba entendendo que a ascensão dele ao poder culminaria com a presidência, e se convence de que ele levaria o país à guerra nuclear. E isso seria bem possível, pois acompanhamos, paralelamente à história de Jonny, a história de Greg, e sabemos o quanto este homem é perturbado e mau.

Abdicando da normalidade e com a saúde cada vez mais frágil, Jonny passa a perseguir Greg e traça um plano para acabar, de uma vez por todas, com as chances daquele homem levar o país à guerra. O resultado é surpreendente, pois mesmo que Jonny não conclua exatamente como o planejado, as coisas acontecem do jeito como devem ser.

A trama é até interessante, mas neste livro o autor se estendeu tanto em todas as partes que ele se torna cansativo. Mais uma vez fui levada a acreditar que King deve sofrer de enxaquecas, pois Jonny tem as suas ao usar o poder mental. A parte que trata do período de coma e da convalescença de Jonny enquanto se recupera é massacrante, e não consegue prender o leitor da mesma forma que outros livros também de King. Além disso, os poderes de Jonny são muito parecidos com o de vários outros personagens de Stephen King, e eu o associei imediatamente a Andy McGee, de A INCENDIÁRIA. A namorada de Jonny, que acaba reaparecendo para um breve flash-back e em quem a história se foca no início, acaba não tendo nenhum papel relevante na história, diferente da mãe fanática religiosa, que faz um pedido a Jonny em seu leito de morte, e que o acompanha pelo resto da vida.

Concluindo: Zona Morta tem uma história legal, mas é bem cansativo de ler. Há outros livros deste autor bem melhores; no entanto, o final compensa a lentidão da linguagem, e dá ao próprio leitor a sensação de dever cumprido.


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