É isso aí, agora que já contei todos os meus truques para me
obrigar a começar e terminar meus textos, é hora de ingressar pelo território
desconhecido e movediço da autopublicação.
Minha primeira experiência foi em 2013, depois de batalhar
uma editora e só conseguir ofertas que não tinham nada de tentadoras. Claro, as
editoras pagas prometem mundos e fundos: colocar você na bienal, incluí-la em
catálogos super conceituados, coisa e tal, mas pelo que vi a realidade para a
maioria é outra: montes de livros empilhados dentro de casa; divulgação apenas
inicial e coletiva, ou seja, junto com outros autores de gêneros e públicos diferentes;
um dinheirão gasto e pouca logística de divulgação e distribuição. Claro, não é
o que acontece com todo mundo, mas eu sou adepta da Lei de Murphy, e sempre
penso que a frustração total é o que seguramente vai acontecer. Pode parecer
derrotismo mas, com essa ideia, tudo o que vem de bom é sempre uma alegria, e o
que acontece de errado acaba sendo o esperado.
Enfim, por tudo isso e por não ter nada a investir naquele
momento, resolvi arriscar a edição independente e comecei onde todo autor
independente já ouviu falar: a Amazon. Mas, como eu também queria um livro
impresso, busquei alternativas e cheguei ao Clube de Autores, site de
autopublicação que imprime sob demanda.
Preparei as etapas iniciais: revisão do texto, que já estava
pronto há algum tempo; diagramação segundo orientações do site da Amazon (o
manual é muito fácil de seguir, e é super-recomendado que se siga mesmo) e uma
segunda pasta com a diagramação para o livro convencional do Clube de Autores; preparo
do arquivo – o kdp, para a Amazon, e o pdf, para o Clube. Então passei o
trabalho para a capa.
Bom, além de escrever eu desenho (aliás, comecei a desenhar
antes de começar a escrever histórias), e muitos dos meus trabalhos são ilustrações do meu Mundo de
Bhardo. Juntei os conhecimentos que a faculdade de Design me deu, uma tela que
pintei anos antes, ilustrando uma das cenas principais do livro e voilà! Criei minha capa. Tudo bem que foram alguns dias
trabalhando mais ou menos duas ou três horas por noite até terminar. Se eu não
gostava do resultado, começava tudo de novo.
Coloquei meu livro nas plataformas para que estivesse
disponível em 22/02/2013, data do meu aniversário de 28 anos, um presente para
mim mesma. Naquela primeira publicação o livro se chamava “A fantástica
história do Mundo de Bhardo – Octoforte e os Objetos Supremos, Parte I”. Sim,
um título enorme, mas eu tinha esse “A fantástica história…” na cabeça e
resolvi seguir com ele.
Daí você me pergunta: e as vendas Lívia, como foram? Vou
relembrar: em termos de marketing sou uma negação. Fiz um grande esforço para
fazer uma divulgação pelo facebook (única rede que eu conhecia e usava na
época), contei para os meus colegas de trabalho e familiares, mas não saiu
disso. Algumas pessoas dos grupos de escritores de que eu participava se
interessaram, mas, no geral, as vendas foram proporcionais ao meu empenho (eu
acho que menores, mas, enfim): no início até tive algumas, depois passei meses
sem ter uma venda sequer.
Eis os números sinceros: até lançar o segundo livro eu tive
apenas 39 downloads na Amazon, e mais 32 vendas físicas do Clube de Autores,
estes praticamente todos comprados por familiares. Dos downloads, 29 foram
baixados durante promoções de download mais barato ou gratuito. Depois do
lançamento do segundo volume em 2014, tive mais 155 downloads, mas 146 foram
baixados nas mesmas condições promocionais, além de mais 09 vendas do físico, um
total de 235 livros nas mãos de outras pessoas de alguma forma.
Pode parecer um número irrisório, principalmente pelos
downloads gratuitos, mas eu me convenci de que era um número razoável,
principalmente depois de ver que tive alguns downloads (todos pagos) pela
plataforma Amazon da França, Japão e Estados Unidos. No entanto, foi eu parar
de divulgar e as vendas cessaram por completo, deixando meus relatórios mensais
como os batimentos cardíacos de um defunto.
Aí vem a próxima parte da minha saga pessoal de publicar
minha saga fantástica: meu novo plano. Mas este fica para o próximo post.
Só pra relembrar: acesse www.bhardo.net e descubra como adquirir seus exemplares do Mundo de Bhardo!
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Penso que o caminho a ser percorrido é longo. Também já tenho minha bagagem de frustrações acumuladas, mas já tenho também boas histórias para contar, como a de um garoto que comprou o meu livro numa livraria e soube que eu estava na cidade (em Urubici/SC). De alguma forma ele conseguiu meu telefone celular e pediu para eu autografar o livro. O teu relato reflete nossa realidade como escritores em início de carreira, mas transparece também aquilo que nós precisamos para manter o sonho: esperança de dias melhores. Hoje eu baixei o teu livro e vou lê-lo e escrever sobre ele em meu blog. Sinto que devo fazer minha parte, para que todos nós, sonhadores em tempo integral, continuemos a seguir nossos destinos.
ResponderExcluirObrigada pelo apoio! Tudo isso é verdade, e também aquele velhíssimo ditado "a esperança é a última que morre". No nosso caso, a perseverança deve ser a última a morrer. No início do ano dei uma entrevista a um blog que, incrivelmente, pertence a uma pessoa da minha cidade e que ganhou meu livro de presente. Coincidência, destino, não sei, mas estas pequenas coisas dão fôlego para continuar.
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