O único chefe de um escritor é ele mesmo — e seus
personagens, de acordo com a importância que eles têm na mente do autor. Na
maioria das vezes, um autor só terá um prazo a cumprir se já for consagrado e
tiver um contrato, o que normalmente ocorre após apresentar
pelo menos um manuscrito completo a uma editora. No entanto, muitos escritores empacam logo no primeiro texto, e não
conseguem terminá-lo.
Não existem atalhos: o livro não se escreve sozinho. São
necessários muitos dedinhos nas teclas para ter um número considerável de
páginas a chamar de livro, e elas não se apertam sozinhas. Pra ter um livro pra
chamar de seu só tem um jeito: debruçar-se sobre as teclas e escrever.
Como muitos outros autores, eu me vi presa nesse looping
infinito de angústia e dor ao olhar para meus livros inacabados, até ver um
concurso do qual queria participar: o SESC de literatura. Li o edital e vi que,
para participar, não poderia enviar um texto que já tivesse sido divulgado, em
parte ou na íntegra, em qualquer meio de divulgação — e meu primeiro livro do
Mundo de Bhardo já estava, em parte, no Wattpad, no blog, em locais assim.
Se eu quisesse participar do concurso, teria que ser com
algo inteiramente novo. Mas eu não tinha nada além de ideias na cabeça.
Então pensei: será que os esquemas que uso para dar conta de
estudar todo o material para concursos em pouco tempo poderiam ser usados para
me ajudar a escrever um livro em alguns dias? Eu estava correndo contra o
tempo, tinha só 50 dias pra escrever, revisar e imprimir o original. Bem, não ia perder nada por tentar.
Bhardo era um mundo grande e cheio de histórias, mas a
maioria delas estava extremamente fragmentada na minha cabeça. Eu precisava
de algo novo, então resolvi apostar na minha personagem mais querida, que eu só
tinha certeza que tinha um passado sombrio e doloroso: Ártemis.
Preparei um esquema tipo os que eu fazia pra estudar:
separei alguns dias para pensar na história, um dia para elaborar um roteiro,
um mês para escrever dez páginas por dia e outros dez dias para revisar 30
páginas por dia (acho que foi assim, não lembro muito bem).
Passei três ou quatro dias pensando na trama o tempo todo, mesmo
no trabalho, no banho, no almoço e jantar, antes de dormir. A história começou a se formar como se eu a estivesse assistindo, não
imaginando. Então, de repente, eu sabia como ela começava e terminava, e tudo o
que acontecia nesse meio tempo. Era hora de passar para a segunda etapa, e
escrevi um roteiro, uma espécie de resumo dos capítulos bem
sucinta mesmo, e, se eu ainda não tinha inventado o nome de algum personagem,
colocava uma sequência de ??? para não ficar presa naquela informação.
Aproveitei para determinar, mais ou menos, quantas páginas queria gastar em
cada parte, pensando no tamanho final do livro determinado pelo edital do concurso.
Daí comecei a escrever.
O resultado foi um livro de 330 páginas finalizado em menos
de dois meses, impresso e enviado pelo correio, pronto para o prêmio SESC.
Se eu ganhei?
Se eu ganhei?
É... não.
Mesmo assim, valeu muito a pena. Criei um método para concluir meus trabalhos, o que era mais do que eu tinha até então, e até hoje eu utilizo essa fórmula. No fim, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, não é mesmo? E hoje já tenho 4 livros publicados, 2 manuscritos aguardando revisão, 1 em andamento e alguns contos, tudo seguindo esse método.
Mesmo assim, valeu muito a pena. Criei um método para concluir meus trabalhos, o que era mais do que eu tinha até então, e até hoje eu utilizo essa fórmula. No fim, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, não é mesmo? E hoje já tenho 4 livros publicados, 2 manuscritos aguardando revisão, 1 em andamento e alguns contos, tudo seguindo esse método.
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