Viagem Estelar – Van Heber
Sinopse
A última geração de uma tripulação da
nave de pesquisa ARKA retorna de sua missão de duzentos anos a seu planeta de
origem: Esplendor. Ao voltar, porém, as coisas não são mais como imaginaram e
uma grande aventura se inicia. Divirta-se com tecnologias além da compreensão e
mundos fantásticos nos confins do universo.
Considerações
Depois de muito ler fantasia com
elfos e dragões, a ficção científica de Van Heber me seduziu. Quando vi a capa
parei pra pensar: por que, depois de anos de Jornada nas Estrelas e Arquivo X
na infância, eu me afastei da ficção, e há tanto tempo não leio uma história
deste gênero? Não sei a resposta. Talvez sejam os modismos, que fazem as
editoras lançarem propagandas e propagandas de livros que parecem cópias uns
dos outros, e neste momento o mercado não está voltado pra ficção, e por este
motivo a publicação independente acaba sendo a única alternativa dos escritores
do tema.
Vamos ao livro. A história começa com
os viajantes da Arka, uma nave espacial de exploração, retornando, enfim, ao
seu mundo de origem, após duzentos anos no espaço. Os tripulantes, no entanto,
jamais conheceram sua terra natal, Esplendor, pois todos nasceram na nave e
viajavam nela desde então, por isso estão muito ansiosos para saber o que
encontrarão quando chegarem lá.
A chegada a Esplendor é tranquila até
a localização do planeta, porém o que os aguarda é uma revelação perturbadora,
vinda da única criatura viva que se encontra naquele mundo — e que, claramente,
não é um esplendoriano como eles: a estrela de Esplendor se tornara uma Gigante
Vermelha inviabilizando a vida no planeta e os habitantes, que tiveram que
fugir, se refugiaram em outros mundos, evoluindo para corpos diferentes. E
mais: não se passaram apenas duzentos anos: devido a um erro de cálculo nos
saltos espaciais da nave, milênios já haviam transcorrido.
Embora a premissa inicial já tenha
sido explorada em Planeta dos Macacos dando ao livro a equivocada ideia de uma
trama sem originalidade, a Teoria da Relatividade em que o tempo passa
diferente quando viajamos à velocidade da luz é quase irresistível quando
falamos de ficção. E mais: o autor usa a teoria e acrescenta uma particular
Teoria de Ondas, baseando-se, pelo que percebi, na teoria de que ondas
sobrepostas exponenciam o efeito umas das outras. Vi algo parecido no filme O
Núcleo, porém usado de forma bem diferente, em nada parecido com a relação
espaço tempo que o autor usa em Viagem Estelar.
Voltando à nossa história, em busca
do povo perdido de Esplendor, os tripulantes da Arka enfrentam conflitos
internos enquanto seguem o caminho indicado por TK, o homenzinho azul, cuja
nave faz parte do próprio corpo, sem saberem se podem confiar nele. Vi uma
resenha na Amazon indicando que o leitor achou o livro curto, de não mais que
vinte páginas. Pelo que vi de outras obras do mesmo autor, parece que ele lança
o livro e vai atualizando os capítulos aos poucos, como se faz no Wattpad. Se
for este o caso, acho isso um erro que depõe contra ele, já que, na Amazon, o
leitor espera encontrar um livro completo, e raramente olha atualizações de
coisas que já leu. Por isso a resenha feita pode não contemplar o livro todo, e
futuros leitores podem se afastar da leitura por causa da opinião de outros.
Ainda bem que não costumo olhar resenhas.
Sobre o livro, há uma nota no início
que achei muito pertinente: é uma história de um autor independente, escrita,
ilustrada, revisada, diagramada e publicada por uma só pessoa. É pertinente
porque o maior problema do texto é com relação à revisão ortográfica. Van Heber
tem uma escrita fluída, não é prolixo, mas existem muitas palavras usadas de
forma incorreta e várias colocações redundantes. Também faltaram as crases,
acho que todas elas.
Porém, nem mesmo isso conseguiu me
tirar o interesse pela história, que apesar de ocupar menos de cem páginas, vai
crescendo à medida que avançamos na leitura. Os personagens vão se tornando
mais e mais fortes, e a história não fica estagnada em nenhum momento, pelo
contrário: as novidades acontecem a cada minuto. Os extraterrestres criados por
Heber são originais, fugindo totalmente dos homenzinhos verdes, ou babentos
como alien ou de olhinhos grandes, como o ET. São criaturas com modos de
comunicação próprios, com tipos de movimento particulares e com propósitos
diferentes. Enquanto a jornada se desenrola, somos levados a conhecer outros
mundos e outras criaturas, cujas histórias se entrelaçam com a dos personagens
principais e levam a um desenrolar surpreendente, digno de um filmão de cinema.
Tanto que, assim que terminei de ler, comprei o segundo livro do mesmo autor
imediatamente, já que aquela aventura da Arka chegara ao fim, mas que, se podem
existir outras, devem ser tão interessantes quanto a primeira.
Um autor que deve ser observado com
carinho, pois acho que tem muita coisa ainda por vir saindo do universo de
Heber. Quem gosta de Jornada nas Estrelas vai se sentir dentro de uma missão
espacial. Recomendo este livro a todos os que alguma vez olharam para as
estrelas imaginando o que poderia haver entre elas.
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